
Joel Gallant numa apresentação no CROI 2006. Fotografia de Liz Highleyman, hivandhepatitis.com
Será o sucessor do Truvada® eficaz enquanto profilaxia pré-exposição (PrEP)?
Embora tenham sido apresentados na conferência
bons resultados para o tenofovir
alafenamida (TAF)/emtricitabina quando usado enquanto tratamento
antirretroviral, a sua aplicação enquanto PrEP não é certa.
O tenofovir disoproxil fumarato (TDF) é um dos
medicamentos antirretrovirais mais utilizados – sobretudo quando coformulado
com emtricitabina e vendido como Truvada®.
É um pilar do tratamento antirretroviral e também usado para prevenção, como
PrEP.
O TDF é altamente potente, geralmente seguro e
bem tolerado, mas pode causar problemas renais e de ossos em alguns doentes. O
tenofovir alafenamida (TAF) é uma nova pro-droga que disponibiliza de forma
mais eficaz o agente ativo, tenofovir difosfato, às células infetadas pelo VIH.
O TAF produz níveis intracelulares adequados com doses inferiores, o que
significa que existem concentrações menores no plasma do sangue e menos
exposição do rim, ossos, outros órgãos e tecidos aos medicamentos.
Em relação ao seu uso no tratamento de pessoas
que vivem com VIH, 633 pessoas que já tinham carga viral indetetável com uma
combinação que incluía Truvada®
(TDF/emtricitabina) foram divididos de forma aleatória num grupo que mudaria o
tratamento para TAF/emtricitabina ou noutro que permaneceria com o Truvada®, tudo enquanto mantinham o
terceiro medicamento.
Após 48 semanas, 94 e 93% dos participantes
dos dois braços do estudo respetivamente, mantiveram carga viral indetetável,
demonstrando não inferioridade. A função renal e a densidade mineral óssea
melhoraram entre aqueles que trocaram a terapêutica.

Gerardo Garcia Lerma numa apresentação no CROI 2016. Fotografia de Liz Highleyman, hivandhepatitis.com
Mas
e a PrEP? Os mesmos investigadores que fizeram anteriormente testes em
animais com TDF/emtricitabina como PrEP apresentaram um estudo prova de
conceito que demonstrava que a TAF/emtricitabina protegia os macacos da infeção
com um vírus semelhante ao VIH. Uma dose muito inferior à necessária com
TDF/emtricitabina conseguiu disponibilizar o mesmo nível de proteção.
Mas um segundo estudo apresenta razões para
ter cautela sobre se estas conclusões promissoras obtidas em animais de aplicam
aos humanos. A TAF é distribuída no organismo de forma diferente da TDF.
Ao medir os níveis de tenofovir no tecido
rectal nas horas após uma única dose, os investigadores concluíram que estas
eram até dez vezes inferiores com TAF do que com TDF.
Como já se sabe que o TDF deixa concentrações
mais elevadas no tecido rectal do que no trato genital feminino (parte da
explicação para que a PrEP apresente melhores resultados entre homens gay do
que entre mulheres), os investigadores tinham esperança que a TAF fosse
resultar melhor com mulheres. Porém, os níveis de tenofovir nos tecidos
cervicais e vaginais eram cerca de duas vezes inferiores com TAF do que com
TDF.
Torna-se claro que é necessária mais
investigação para compreender a farmacologia de TAF nos tecidos mucosos.
Os investigadores salientaram que até estarem
completos os ensaios clínicos, o TAF não deverá ser usado como PrEP. Se, como é
esperado, a coformulação TAF/emtricitabina foi aprovada para tratamento
antirretroviral este ano, será importante educar os utilizadores de PrEP de que
não deverão substituir a nova coformulação pelo Truvada® para fins não aprovados.
Acompanhe a NAM pelo Facebook: esteja actualizado com todos os projectos, recentes resultados e novos desenvolvimentos que estão a acontecer no mundo da NAM.
Siga a NAM pelo Twitter para aceder às notícias dos nossos editores, que irão acompanhar os principais temas da conferência à medida que vão sendo divulgados. As nossas notícias têm ligação em www.twitter.com/aidsmap_news e, também, através de mensagens pelo www.twitter.com/aidsmap.
Siga todas as notícias da conferência ao subscrever o nosso formato RSS.