Janeiro de 2016

PrEP aprovada em França, África do Sul e Quénia

Depois dos Estados Unidos da América, a França aprovou a profilaxia pré-exposição (PrEP), e torna-se o primeiro país com um Serviço Nacional de Saúde centralizado e totalmente reembolsável a fazê-lo. A PrEP é totalmente reembolsável desde o início de 2016. A Ministra da Saúde francesa, Marisol Touraine, afirmou que: “Dado o nível de eficácia desta abordagem, reconhecida por todos os especialistas científicos na área do VIH e SIDA a nível nacional e internacional, assumo a responsabilidade financeira por este tratamento, que irá contribuir para completar a nossa estratégia global contra o VIH”.

De acordo com os critérios publicados, a PrEP será disponibilizada “a pessoas que por diversos motivos não aderem ao uso consistente do preservativo e que pertencem a grupos com elevada incidência da infeção pelo VIH”.

Paralelamente, as agências nacionais de medicamentos da África do Sul e Quénia também autorizaram o uso da PrEP, embora estejam apenas a autorizá-la e não a aprovar a sua disponibilização gratuita através dos sistemas de saúde nacionais.

Comentário: Parabéns à França por ser o primeiro país no mundo a disponibilizar a PrEP de forma gratuita àqueles que dela necessitam, embora se mantenham algumas questões práticas sobre o modo como esta será disponibilizada. Um dos motivos pelos quais a França foi o primeiro país a fazê-lo deve-se à existência de um grande envolvimento da comunidade e ao debate sobre PrEP mesmo antes do início do estudo Ipergay sobre PrEP, bem como ao papel ativo da maior ONG da área do VIH em França, a AIDES, e outras organizações. No Reino Unido, houve um envolvimento da comunidade desde o início do estudo PROUD mas menos estruturado e algumas das maiores ONG optaram por assumir uma postura cética até à publicação dos resultados deste estudo. O Reino Unido deverá agora trabalhar com outros países europeus que estão com dificuldade em encontrar formas de incluir a PrEP nos seus sistemas de saúde.

Diagnósticos de VIH continuam a aumentar entre homens gay na Europa e pessoas heterossexuais no Leste europeu

O relatório anual do European Centre for Disease Control and Prevention (ECDC) demonstra que o número anual de novos diagnósticos de infeção pelo VIH está a aumentar em toda a região, da Europa Ocidental à Ásia Central. Isto deve-se, em parte, pelo aumento contínuo de diagnósticos entre homens gay e outros homens que têm sexo com homens na Europa Ocidental e Central. Porém, três quartos dos diagnósticos da infeção pelo VIH do ano passado ocorreram na Europa de Leste e, destes, 60% num único país: a Rússia. Este aumento, no país com a mais elevada taxa de diagnóstico por pessoa na região, deve-se em parte a um aumento do número de pessoas que estão a fazer o teste, mas também a um aumento da transmissão por via heterossexual. Um em cada quarenta homens russos entre os 30 e os 34 anos vive com VIH, ocorrendo o mesmo com uma em cada setenta mulheres. Os diagnósticos anuais duplicaram desde 2005, tendo diminuído o número de novos diagnósticos associados a consumos de drogas por via injetada – na Rússia e em qualquer país europeu.

A prevalência da infeção pelo VIH na Europa Ocidental diminuiu, sobretudo devido à diminuição de diagnósticos de pessoas de países com elevada incidência da infeção e entre pessoas que usam drogas, mas as infeções entre homens gay e outros homens que têm sexo com homens continuam a aumentar, com exceção de alguns países. O Reino Unido tem agora o número mais elevado de novas infeções e infeções cumulativas do que qualquer outro grande país da Europa Ocidental. O contínuo aumento de novos diagnósticos no Reino Unido e em muitos outros países devem-se em parte ao lento aumento da proporção de homens gay que fazem o rastreio do VIH e da frequência com que o fazem. Mas a real incidência da infeção pelo VIH aparenta encontrar-se estabilizada e, de acordo com relatório anual de 2015 do Reino Unido, com 2 800 homens gay a contrair a infeção pelo VIH por ano.

Na Europa Central – na faixa que se estende do norte da Polónia ao sul da Turquia – a prevalência do VIH e a taxa de novos diagnósticos permanece baixa, mas parecem existir sinais de uma nova epidemia entre os homens gay e outros homens que têm sexo com homens, havendo um aumento no número de novos diagnósticos entre 3 a 20 vezes mais na última década. Como resultado, as infeções em países como a Polónia, Hungria e Bulgária mais do que duplicaram.

Mas também existem alguns sucessos: tal como observado com as grandes reduções do número de diagnósticos em países como a Estónia, houve uma redução da incidência entre pessoas que usam drogas por via injetada em toda a Europa, uma redução na transmissão mãe-filho em todo o continente, sinais de estabilização no segundo país mais afetado, a Ucrânia, e uma estabilização ou ligeira redução das infeções na população em geral na Europa Ocidental. Mas em termos gerais, a região europeia continua a não conseguir controlar a infeção pelo VIH, sobretudo entre homens que têm sexo com homens, e existe a ameaça de uma epidemia mais generalizada na Rússia, à semelhança das observadas em países africanos.

Comentário: A contínua elevada taxa de infeções pelo VIH entre homens gay na Europa Ocidental e o aumento alarmante na Europa Central são uma responsabilidade dos responsáveis de saúde pública que nunca trabalham verdadeiramente com a população gay sobre questões relacionadas com o VIH e de um compromisso político LGBT que tem sido mais relutante que o dos Estados Unidos da América em assumir o VIH enquanto problema político. A presença de estigma, para não dizer violência, a leste para com homens gay é também um fator. É importante salientar que na Rússia, a prevalência e incidência do VIH variam enormemente e que mesmo neste país a transmissão mãe-filho está também a ser controlada, tendo sido também um “ponto de entrada” para programas de VIH em África. Uma reunião recente sobre a situação do VIH na Rússia com representantes do Kremlin é sinal de que este país começa a levar a sua epidemia a sério, embora seja de lamentar que tenha sido devido a um aumento das infeções entre pessoas heterossexuais, e não devido à grave epidemia entre pessoas que usam drogas e reclusos.

E.U.A. reportam diminuição de novas infeções pelo VIH entre a maioria das populações

De acordo com declarações na Conferência Anual sobre Prevenção do VIH nos Estados Unidos, que teve lugar no passado mês em Atlanta, e ao contrário da Europa, a taxa de novas infeções pelo VIH nos Estados Unidos da América (E.U.A.) diminuiu em 20% na última década. Os diagnósticos diminuíram 35% entre a população heterossexual, 40% entre mulheres, 42% entre mulheres negras e 63% entre pessoas que usam drogas por via injetada comparativamente aos valores de 2005. Ao longo desta década, os valores subiram em 6% entre homens gay mas estabilizaram nos últimos cinco anos. No entanto, os novos diagnósticos entre homens gay variavam bastante de acordo com a etnia. Na última década, o número anual de novos diagnósticos diminuiu 18% entre homens caucasianos, mas aumentou 22% entre homens negros e 24% entre homens latinos. Porém, nos últimos cinco anos, a taxa de novos diagnósticos estabilizou entre homens gay negros e diminuiu 2% entre as pessoas desta população com idades entre os 13 e os 24 anos. Mas os diagnósticos entre jovens gay latinos aumentou 16% nesse mesmo período. O número de testes realizados entre este grupo manteve-se estável neste período, o que demonstra que as diminuições e aumentos que foram observados são reais.

Comentário: Os contrastes entre os relatórios dos E.U.A. e Europa falam por si mesmos. É impressionante que os E.U.A. estejam agora a observar diminuições dos diagnósticos de infeção pelo VIH mesmo entre as populações de mais difícil acesso, como os jovens gay negros, sobretudo se se tiver em conta que a proporção de pessoas com carga viral indetetável em todo o país é de apenas 30%. Contudo, esta situação pode ocultar resultados muito mais positivos em locais como São Francisco ou Nova Iorque. Por que motivo estão os E.U.A. a obter melhores resultados? Deve ser demasiado cedo para que a PrEP esteja a fazer a diferença, embora o clima de discussão sobre o VIH gerado por esta possa ter ajudado. Existem algumas evidências de que quer as taxas de uso de preservativo, quer o serosorting (com uma verdadeira conversa e partilha sobre o estatuto serológico, ao invés do “seroguesing”) são mais elevadas nos Estados Unidos. Mas a resposta pode estar nas taxas de rastreio para a infeção pelo VIH mais elevadas em quase todas as populações.

Programas de PrEP continuam a reportar zero infeções pelo VIH nos Estados Unidos

Soube-se na Conferência Nacional de Prevenção do VIH nos Estados Unidos, no passado mês, que vários programas que disponibilizam tenofovir e emtricitabina (Truvada®) como profilaxia pré-exposição (PrEP) nos Estados Unidos não encontraram quaisquer novas infeções entre as pessoas que se mantiveram sob PrEP. No entanto, os programas dirigidos aos grupos em situação de maior vulnerabilidade, incluindo jovens, pessoas pobres e sem seguro de saúde e afro-americanos, encontraram uma significativa falta de envolvimento nos cuidados de saúde e seguimento.

Num programa de São Francisco que envolvia 600 homens a tomar PrEP ao longo de mais de um ano, não existiram quaisquer infeções pelo VIH e curiosamente também nenhuma redução do uso do preservativo. Num outro estudo conduzido no Estado do Washington, não foram observadas infeções entre os 700 homens sob PrEP num programa inicialmente destinado a 200: porém, este programa, que paga apenas os medicamentos e não os rastreios ou apoio médico, está ameaçado pela possibilidade de ficar sem financiamento.

Não foram diagnosticadas infeções num programa em Oakland para jovens afro-americanos em situação de vulnerabilidade ao VIH, embora existissem níveis impressionantes de infeções pelo VIH não diagnosticadas e infeções sexualmente transmissíveis (prevalência de IST de 70%) entre aqueles que se apresentaram para participar no estudo. Neste programa, dirigido a homens que têm sexo com homens e a mulheres, foram poucas as mulheres a participar e está a ser planeado um programa de PrEP dirigido especificamente a este grupo. Em alguns outros programas em Filadélfia e Jackson, no Mississippi, dirigido sobretudo a afro-americanos pobres, têm existido baixos níveis de adesão e interesse na PrEP. O maior problema em Filadélfia pareceu ser a ausência de acompanhamento devido ao atraso entre a avaliação inicial e a disponibilização da PrEP, já em Jackson o problema pareceu dever-se sobretudo ao facto de as pessoas não considerarem estar em situação de vulnerabilidade à infeção pelo VIH, embora a maioria (78%) estivesse. A preocupação com os efeitos secundários e sobre a possibilidade de misturar a medicação com drogas recreativas e consumo de álcool também pareceram ser um motivo para o abandono do programa.

Comentário: De certo modo, é ainda impressionante que estejamos a ver evidências tão conclusivas sobre a eficácia nos programas de PrEP e nenhuma infeção pelo VIH. Contudo, algo importante a considerar que para que a PrEP alcance o seu potencial junto das populações mais vulneráveis à infeção pelo VIH – sobretudo os jovens gay pobres e com menos instrução formal pertencentes a minorias étnicas – poderemos ter de aumentar as estruturas de apoio à saúde sexual e aos doentes às quais já deveriam ter acesso. E, mesmo nos Estados Unidos, ainda só estão a ser dados os primeiros passos para encontrar as mulheres que necessitam de PrEP e às quais a possamos disponibilizar.

Resistência à terapêutica antirretroviral causada pela PrEP diminui rapidamente

Uma preocupação muitas vezes expressa pela PrEP está relacionada com a possibilidade de esta causar um aumento dos níveis de resistência à medicação antirretroviral, com as pessoas a iniciá-la quando já vivem com a infeção pelo VIH ou a contraírem quando estão a tomar PrEP em doses erradas. Um subestudo do estudo Partners PrEP, conduzido entre 2009 e 2011, analisou os casos de resistências que tinham surgido no estudo inicial. Neste estudo de grandes dimensões com 4 747 casais heterossexuais serodiscordantes para o VIH, 47 pessoas seronegativas que estavam sob placebo contraíram a infeção pelo VIH, tal como 13 pessoas sob Truvada® (tenofovir/emtricitabina) e 18 que estavam apenas sob tenofovir.

O subestudo analisou nove pessoas que tinham algum tipo de estirpes do VIH resistentes à terapêutica, detetadas através de testes de resistência muito sensíveis. Sete pessoas tinham resistência à emtricitabina, uma ao tenofovir e uma a ambos os fármacos. Entre estas nove, cinco desenvolveram resistências durante o período em que estavam sob PrEP: quatro tinham infeção aguda pelo VIH antes de terem iniciado a toma da PrEP, mas ainda não tinham desenvolvido anticorpos, pelo que iniciaram a PrEP por engano. Num caso, a pessoa contraiu a infeção pelo VIH depois de lhe ter sido disponibilizada a PrEP, mas antes de iniciado a toma. As outras quatro pessoas não estavam sob PrEP quando desenvolveram resistências (uma estava sob placebo e a outra não estava a tomar o medicamento ao qual desenvolveu resistências), pelo que deverão ter contraído uma estirpe da infeção resistente à medicação. Com as cinco pessoas que desenvolveram resistências depois de terem iniciado a PrEP, a proporção de VIH no seu sistema com mutações de resistência desceu para zero após seis meses e assim se manteve posteriormente.

Comentário: O Partners PrEP é o único estudo de PrEP randomizado e controlado por placebo com um número suficientemente elevado de infeções pelo VIH e uma adesão suficientemente elevada para poder responder a essa questão. Deste modo, os resultados são relativamente tranquilizadores. No geral, parece que a resistência contraída devido à toma da PrEP durante a infeção aguda pelo VIH desaparece rapidamente e não impede o futuro sucesso do tratamento.

Estudo australiano demonstra que os homens gay têm vários tipos de relacionamentos sexuais e que a monogamia clássica não é comum

Um estudo australiano de grandes dimensões conduzido na internet demonstra que os homens gay têm uma maior variedade de relacionamentos que aquilo que inicialmente se previa e que misturam diferentes tipos de relações. O estudo “Monopoly” concluiu que os homens gay tendem a não encaixar nas duas categorias mais usadas: homens que estão num “relacionamento” e são maioritariamente monogâmicos e homens que não se encontram num relacionamento e têm sexo casual. O estudo encontrou uma terceira categoria mais comum: homens gay (42%) que têm relações sexuais regulares com os parceiros pelos quais podem nutrir sentimentos de amizade mas que não consideram seus “namorados” ou parceiros, ainda que em alguns casos fossem a única pessoa com a qual têm relações sexuais. O termo geralmente usado pelos inquiridos é “fuckbuddy” (ou “amigo colorido). De igual modo, 36% tinham um “namorado” (i.e., um relacionamento com um compromisso emocional), mas destes, quase metade tinham “fuckbuddies” e/ou sexo com parceiros ocasionais. E dos 40% que reportaram ter relações sexuais sem compromisso, um terço tinha namorado e outro terço tinha um “fuckbuddy”. Apenas 14% dos inquiridos eram completamente monogâmicos. Os jovens gay tinham uma maior probabilidade de ter apenas um parceiro, mas era menos provável que considerassem esse parceiro como “namorado”.

Num outro estudo qualitativo feito a jovens gay na Austrália, os homens jovens demonstraram o seu desejo de aproveitar as oportunidades do sexo “sem compromissos” enquanto ainda eram jovens, pretendendo ter relacionamentos monogâmicos mais tarde. Não se pensou na monogamia enquanto estratégia de prevenção da infeção pelo VIH, mas sim enquanto algo que dava um maior significado à vida e que os protegia dos excessos da cena gay.

Determinava-se se alguém era “namorado” através de arranjos domésticos e não sexuais, como a partilha de casa, por exemplo. No que diz respeito a assuntos relevantes para a infeção pelo VIH, 80% dos homens comprometidos e 56% dos homens com “fuckbuddys” afirmaram conhecer o seu estatuto serológico para o VIH. Relações sexuais sem preservativo era mais a regra que a exceção entre pessoas comprometidas: 63% afirmaram nunca ter usado preservativos e 46% daqueles com parceiros ocasionais não usavam preservativo com o principal parceiro. 40% dos homens com “fuckbuddies” usavam sempre preservativo com os parceiros frequentes, enquanto 30% nunca o usavam.

Comentário: Este inquérito demonstra que os relacionamentos dos homens gay são consideravelmente mais complexos que o que fora anteriormente descrito e os investigadores comentaram o facto de as conclusões demonstrarem por que motivo os homens que contraem a infeção pelo VIH têm maior probabilidade de ser infetados por “fuckbuddies” ou amigos com os quais se envolvem sexualmente, ao invés de por namorados ou encontros ocasionais. “Frequente” não é o mesmo que “emocionalmente comprometido” e os investigadores comentaram o facto de que “O uso atual do binário no qual parceiro “regular” se opõe a parceiro “ocasional” é problemático se for apresentado como “regular = seguro” versus “ocasional = arriscado”.

Estudo de Barcelona prevê quem irá necessitar da PrEP

Um estudo de Barcelona conseguiu isolar os fatores específicos entre homens gay que prevê uma maior probabilidade de contrair a infeção pelo VIH no ano seguinte. Isto é importante pois pode servir como conjunto de critérios que poderão ser usados na avaliação de quem poderá beneficiar mais da PrEP.

A clínica de saúde sexual Checkpoint Barcelona atendeu 5 430 homens gay entre 2009 e 2014, mas o presente estudo exclui aqueles que se encontram em relacionamentos monogâmicos estáveis, aqueles que tinham menos de dez parceiros nos últimos seis meses e aqueles que afirmavam usar “sempre” o preservativo (em oposição a quem respondeu geralmente, às vezes ou nunca). O estudo incluiu apenas aqueles que não preencheram nenhuma destas categorias, para os quais existiram dados completos sobre o uso de preservativo auto reportado, diagnósticos de IST, número de parceiros e papel sexual (apenas “insertivo”, “recetivo” ou “versátil”). Este grupo incluiu 739 homens.

Entre estes homens, apenas aqueles que foram exclusivamente insertivos nos últimos seis meses usavam “geralmente” preservativo e não tiveram qualquer IST. A taxa de incidência da infeção pelo VIH no ano seguinte fora de menos de 3%, o limite a partir do qual a Organização Mundial de Saúde considera que a PrEP é custo-eficaz. Para a mais rigorosa incidência anual de 5%, que os estudos sugerem que possa ser o limite para a PrEP ser custo-eficaz no Reino Unido, o grupo que teve mais de dez parceiros sexuais nos últimos seis meses e que afirmara “às vezes, raramente ou nunca” usar preservativo, tinha uma incidência superior a este valor no ano seguinte, tal como aqueles que afirmaram usar “geralmente” o preservativo e que tiveram mais de 20 parceiros sexuais nos últimos seis meses.

Comentário: Este é um estudo importante pois oferece uma resposta a uma pergunta difícil de responder. A PrEP só é custo-eficaz se usada por aqueles que se encontram em situação de grande vulnerabilidade à infeção pelo VIH. Mas como é que conseguimos determinar qual é o risco futuro de uma pessoa para a infeção pelo VIH se esta não estiver sob PrEP? Este estudo dá grandes passos no sentido de sugerir um conjunto de fatores de risco, embora fosse interessante repeti-lo entre homens gay com menos de dez parceiros nos últimos seis meses e também com mulheres.

Para os migrantes africanos em França, a destituição molda o comportamento sexual e o risco para a infeção pelo VIH

Um estudo francês concluiu que um terço dos migrantes africanos que vivem com VIH contraem a infeção depois de chegarem a França. Os dados, de 2 464 migrantes que chegaram ao país entre 2012 e 2013, demonstrou que as mulheres que contraíram a infeção pelo VIH após terem chegado a França tinham uma maior probabilidade de ter parceiros sexuais ocasionais que aquelas que não a tinham contraído desse modo, e tinham uma probabilidade quatro vezes superior de praticar sexo comercial, enquanto os homens na mesma situação tinham o dobro da probabilidade de já ter pago por sexo. Uma situação habitacional instável aumentava o risco de infeção pelo VIH para homens e mulheres, mas existia uma divisão de género em termos de destituição financeira: as dificuldades financeiras aumentavam o risco de infeção pelo VIH entre mulheres, mas os homens com mais recursos financeiros tinham uma maior probabilidade de pagar por sexo ou de ter vários relacionamentos em simultâneo.

Comentário: Um fator que se destacou para as mulheres foi o facto de a pobreza e uma situação habitacional instável aumentarem o risco de assédio sexual e agressões, bem como sexo comercial. Garantir que as pessoas imigrantes têm uma situação habitacional estável e acesso aos recursos de que necessitam não apenas para alimentação, mas também para deslocações e documentos oficiais poderá ajudar a reduzir o risco de infeção pelo VIH.

Outras notícias de outras fontes

Estudo do Reino Unido apresenta baixas taxas de rastreio de VIH, mesmo entre aqueles que julgam estar mais vulneráveis à infeção

Um inquérito de grandes dimensões feito a adultos no Reino Unido demonstra que, mesmo entre as pessoas que consideram estar em situação de maior vulnerabilidade à infeção pelo VIH, apenas 14% tinham feito recentemente o rastreio para esta infeção. Ainda que as pessoas com comportamentos sexuais de maior risco e as pessoas que estavam conscientes da sua vulnerabilidade à infeção pelo VIH tivessem uma maior predisposição para fazer o rastreio, a maioria das pessoas nestes grupos nunca o tinha feito. Poucos foram os homens que têm sexo com homens a seguir as recomendações para que fizessem o rastreio à infeção pelo VIH.

Homens gay que começam a usar crystal meth costumam aumentar os seus comportamentos sexuais de risco

Um estudo que acompanhou o mesmo grupo de homens gay ao longo de vários anos concluiu que as pessoas que começaram a consumir crystal meth tinham tendência para aumentar os seus comportamentos sexuais de risco. Embora isto não demonstre uma ligação causal, o estudo também sugeria que a metanfetamina em cristal tinha um impacto maior no comportamento sexual que outras drogas.

OMS lança recomendações sobre encaminhamento e retenção nos cuidados de saúde para que todos tenham acesso ao tratamento

A Organização Mundial de Saúde (OMS) divulgou novas recomendações sobre como organizar os serviços para promover a ligação e retenção nos cuidados de saúde no âmbito das novas orientações que recomendam o tratamento antirretroviral para todos os adultos e adolescentes. A recomendação sobre o tratamento antirretroviral e profilaxia pré-exposição (PrEP) para pessoas em situação de maior vulnerabilidade à infeção pelo VIH foi anunciada em setembro de 2015. Em dezembro, a OMS fez uma série de novas recomendações sobre a disponibilização de serviços. Estes destinavam-se a maximizar o encaminhamento e retenção nos cuidados de saúde, no âmbito dos esforços para aumentar o acesso ao tratamento antirretroviral, de modo a garantir que 90% das pessoas diagnosticadas com a infeção pelo VIH estarão sob tratamento até 2020.

CDC afirma que muitas mais pessoas poderiam beneficiar da PrEP, mas que médicos não estão informados

De acordo com um relatório recente do Centers for Disease Control and Prevention (CDC) dos Estados Unidos, um quarto dos homens gay e bissexuais e um quinto das pessoas que usam drogas por via injetada neste país poderiam beneficiar da PrEP com Truvada®. Mas um inquérito conduzido em todo o país concluiu que um terço dos profissionais de saúde ainda não ouviu falar sobre PrEP. “A PrEP não está a chegar a muitas das pessoas que poderiam beneficiar da mesma e muitos profissionais de saúde continuam a desconhecer as suas vantagens”, afirmou Tom Frieden, diretor do CDC. “Temos de usar todas as estratégias de prevenção que estão disponíveis, sobretudo considerando os cerca de 40 000 novos diagnósticos anuais de infeções pelo VIH nos Estados Unidos.”.

Escolhas do editor de outras fontes

Três potenciais barreiras à PrEP

Fonte: Pharmacy Times

O Grindr for Equality, o grupo de defesa da saúde dos homens do Grindr, a maior rede social para homens gay, conduziu um inquérito que pretendia avaliar o conhecimento dos utilizadores sobre a disponibilização do Truvada® como PrEP. Esta amostra seguiu um inquérito da American Academy of HIV Medicine (AAHIVM) conduzida a 324 profissionais de saúde na área do VIH sobre os seus hábitos de prescrição de PrEP. Tanto o inquérito da AAHIVM, como a amostra do Grindr demonstraram que a adesão, conhecimento e o acesso eram barreiras para a total disponibilização e toma da PrEP.

Gonorreia “pode tornar-se incurável”

Fonte: BBC

Um dos principais especialistas médicos de Inglaterra alerta para a possibilidade de a gonorreia pode vir a tornar-se numa doença incurável. Esta declaração foi feita na sequência de preocupações com o facto de algumas farmácias não estarem a prescrever o tratamento adequado. Após o aumento da “super gonorreia” em Leeds, a Dama Sally Davies escreveu a todos os médicos de família e farmácias de forma a garantir que todos estão a prescrever a medicação adequada.

Cansaço em relação à prevenção da infeção pelo VIH: programa envolve homens que já conhecem todas as estratégias

Fonte: Beta Blog

Com quatro décadas de epidemia do VIH, muitos dos homens gay e bissexuais com 30, 40 ou 50 anos passaram grande parte das suas vidas adultas a serem bombardeados com mensagens sobre VIH e sexo mais seguro. Uma das consequências é a possibilidade de se fartarem de ouvir falar sobre isso. A comunidade científica tem um nome para isto: fadiga de prevenção, que descreve a ideia de que as mensagens de prevenção da infeção pelo VIH, programas, outreach ou serviços de aconselhamento se tornaram cansativos. Um programa inovador de São Francisco reconhece esta realidade e aborda a fadiga de prevenção, ao mesmo tempo que ajuda os homens gay e bissexuais a melhorar a sua saúde sexual e bem-estar. O programa, de nome Bridgemen, envolve cuidadosamente a educação e debate sobre sexo e saúde nos eventos sociais pata homens e nos projetos de serviço comunitário.

Women PrEPare

Fonte: Positively UK

Trata-se de um relatório que analisa as conclusões e avaliações do workshop Women PrEPare, que teve lugar em Londres em julho de 2015, e que reuniu 30 mulheres que vivem com VIH de várias partes do Reino Unido para avaliarem o tratamento antirretroviral, o seu papel na prevenção e como este afeta especificamente as mulheres.

Dallas Buyers Club: uma versão real no sul de Londres (vídeo do Channel 4 news)

Fonte: YouTube

Muitos homens gay sexualmente ativos estão a comprar através da internet uma versão genérica de um medicamento antirretroviral produzida na Índia.

Governo irlandês apoia centros de consumo assistido em decisão histórica

Fonte: Irish Examiner

O Governo irlandês fez história no passado dia 16 de dezembro ao dar luz verde à criação de instalações financiadas pelo Estado onde será possível consumir drogas ilegais por via injetada.